LISBOA (Reuters) – O Parlamento de Portugal estendeu nesta quarta-feira incentivos fiscais para residentes estrangeiros até o final do próximo ano, apesar das críticas de que o plano elevou os preços das casas além do alcance de muitos portugueses.
Ao abrigo da prorrogação, os candidatos devem demonstrar que estão prontos para se mudar para Portugal em 2023, ou seja, através de um contrato de trabalho ou de habitação assinado até ao final de dezembro.
Lançado em 2009, o programa permite que os residentes que permaneçam no país mais de 183 dias por ano beneficiem de uma “taxa especial de 20% durante um período de 10 anos sobre rendimentos de origem portuguesa provenientes de actividades de elevado valor acrescentado”, como como médicos e professores universitários.
Outros benefícios do regime – conhecido como residente não habitual – incluem isenções fiscais sobre quase todos os rendimentos estrangeiros, se tributados no país de origem, e uma taxa fixa de imposto de 10% sobre pensões de fonte estrangeira.
Foi lançado para atrair investidores e profissionais num momento em que Portugal era atingido pela crise financeira.
Também podem candidatar-se cidadãos portugueses que residam no estrangeiro há cinco anos ou mais.
O primeiro-ministro António Costa comprometeu-se em Outubro a encerrar o esquema até ao final do ano, chamando-o de “injustiça financeira que já não se justifica”. Esta é uma das medidas incluídas no projeto de orçamento para 2024.
Mas depois de Costa ter renunciado no início deste mês, o Partido Socialista, no poder, recuou, sugerindo que deveria permanecer aberto até ao final do próximo ano. A decisão foi aprovada na quarta-feira na votação final do projeto de lei orçamentária.
“É importante proteger as expectativas legítimas das pessoas que já tomaram a decisão de se estabelecer ou regressar a Portugal”, afirmaram os socialistas num comunicado.
Segundo dados oficiais, 74 mil pessoas beneficiaram do regime até ao final de 2022. Deduções fiscais do ano passado
O orçamento do Estado custará 1,5 mil milhões de euros (1,65 mil milhões de dólares), um aumento de 18,5% em termos anuais.
($1 = 0,9106 euros)
Reportagem de Sergio Gonçalves, edição de Caterina Demoni e Gareth Jones
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