Uma disputa diplomática entre a União Europeia e os países latino-americanos sobre como – ou mesmo se – mencionar a guerra na Ucrânia corre o risco de transformar o que deveria ser uma celebração de parceria renovada em um fracasso diplomático.
O primeiro dia da cúpula entre a União Européia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) teve como objetivo enfatizar o fortalecimento das relações entre os continentes. Mas a conversa elevada rapidamente caiu quando os negociadores da UE tentaram persuadir os países latino-americanos a condenar a Rússia por sua guerra na Ucrânia.
A Nicarágua e Cuba se opuseram veementemente à fórmula proposta para a Ucrânia, de acordo com três funcionários da UE – e um deles afirmou que esses dois países receberam ligações de Moscou aconselhando-os a fazê-lo.
A briga em Bruxelas ocorreu quando a Rússia se recusou na segunda-feira a estender um acordo mediado pelas Nações Unidas que permitia à Ucrânia exportar seus excedentes de grãos pelo Mar Negro. Ambos foram lembretes claros de como a geopolítica híbrida da Rússia procura criar uma barreira entre o rico Ocidente pró-ucraniano e o resto do mundo.
Apesar de várias rodadas de negociações sobre uma declaração conjunta que os líderes poderiam assinar, não houve acordo na noite de segunda-feira – com algumas autoridades temendo que a cúpula de dois dias não produzisse nenhuma declaração conjunta.
“Confirmo que ainda estamos discutindo o texto da declaração”, disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ao meio-dia de segunda-feira, tentando limitar os danos. “E isso significa alguma coisa. Significa que queremos um texto ambicioso de ambos os lados.”
“As negociações chegarão à linha de chegada”, disse um diplomata da UE no final da reunião de segunda-feira. Comprometer o texto “não compromete a cúpula – por enquanto”.
A credibilidade está em jogo
O fracasso em chegar a um acordo sobre uma declaração conjunta seria um golpe para a credibilidade da UE em um momento em que busca unir vozes nas Nações Unidas e fora dela em apoio à Ucrânia contra a beligerante Rússia. Bruxelas também tenta voltar a ser a melhor amiga da América Latina diante de uma China assertiva que ganha mercado do outro lado do Atlântico.
Se a Rússia depor as armas, a paz virá. “Se a Ucrânia depor as armas, não haverá mais Ucrânia”, disse o primeiro-ministro da Letônia, Krishanis Karis, cujo país faz fronteira com a Rússia.
“Talvez de uma região mais distante, não é claro para entender”, acrescentou Karish em uma pesquisa clara sobre os países da CELAC.
Cópias recentes dos documentos, datadas de 7 e 13 de julho, vistas pelo Politico, mostram que a linguagem sobre a Ucrânia foi atenuada, passando da “forte” condenação de Moscou à “violação” da soberania da Ucrânia, para simplesmente “expressar preocupação” sobre a guerra na Ucrânia.
Questionado sobre o obstáculo, o ministro das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Reina, disse: “Acho que faz parte desse processo encontrar, nesse diálogo, uma saída que respeite as visões tanto da União Européia quanto da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e cada um de seus membros”.
A Ucrânia não foi a única questão polêmica, já que o projeto de declaração se assemelha a uma lista de compras, levando cada capital a declarar suas prioridades nacionais, como reparações coloniais ou as Ilhas Malvinas, das quais Argentina e Reino Unido não são mais membros. Membro – Ele lutou uma guerra curta há 40 anos.
Barbara Moens contribuiu com relatórios.
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