Fortes chuvas no estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, mataram 37 pessoas e outras 74 ainda estão desaparecidas, enquanto enchentes recordes destruíram cidades e forçaram milhares de pessoas a abandonar suas casas.
Esta é a quarta catástrofe ambiental deste género num ano, depois das cheias de Julho, Setembro e Novembro que mataram um total de 75 pessoas.
As inundações em todo o estado excederam as observadas durante um dilúvio histórico de 1941, de acordo com o Serviço Geológico Brasileiro. A agência disse que os níveis de água em algumas cidades atingiram os níveis mais elevados desde que os registos começaram, há cerca de 150 anos.
Na quinta-feira, uma barragem de uma usina hidrelétrica entre as cidades de Pinto Gonçalves e Cutipora rompeu parcialmente, e cidades inteiras do Vale do Rio Tacuari, como Lajedo e Estrella, ficaram submersas. Na cidade de Vélez, a 80 quilômetros da capital do estado, Porto Alegre, um rio caudaloso destruiu uma ponte que o ligava à cidade vizinha de Linha Nova.
As operadoras relataram cortes de energia, comunicações e água em todo o estado. Mais de 23 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, segundo a Agência de Defesa Civil.
Sem internet, serviço telefônico ou eletricidade, os moradores tiveram dificuldade para fornecer atualizações ou informações aos seus parentes que moravam em outros estados. Helicópteros sobrevoavam constantemente as cidades enquanto famílias isoladas com seus filhos esperavam por resgate nos telhados.
As chuvas começaram na segunda-feira e devem continuar até pelo menos sábado, disse Marcelo Cellucci, meteorologista-chefe do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, à rede pública de televisão do Brasil na sexta-feira.
Na noite de quinta-feira, o governador Eduardo Leyte alertou os moradores do estado, conhecidos como gaúchos, sobre a continuação das chuvas e enchentes. Ele acrescentou que a situação em Porto Alegre deverá piorar.
“Como ser humano, estou destruído por dentro, como qualquer gaúcho”, disse. Mas, como governador, estou aqui para me manter firme e garantir que não vacilaremos. Fazemos tudo com foco, atenção, disciplina e raiva, para garantir que tudo esteja ao nosso alcance.”
O clima na América do Sul é afetado pelo fenômeno climático El Niño, um evento periódico que ocorre naturalmente e aquece as águas superficiais no Pacífico tropical. No Brasil, o El Niño tem historicamente causado secas no norte e fortes chuvas no sul.
Este ano, os efeitos do El Niño foram particularmente dramáticos, com uma seca histórica na Amazónia. Os cientistas dizem que condições meteorológicas extremas estão ocorrendo com mais frequência devido às mudanças climáticas causadas pelo homem.
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