Por Sérgio Gonçalves
Lisboa – O Banco de Portugal cortou na sexta-feira sua previsão de crescimento econômico em 2023 para 1,5%, ante 2,6% previstos em junho, esperando uma forte desaceleração após uma expansão de 6,8% neste ano, já que a inflação e o aumento das taxas de juros podem atingir o consumo privado.
Em seu boletim econômico de dezembro, o banco central esperava que a inflação ajustada da zona do euro em Portugal desacelerasse em 2023, mas permaneceu em um nível alto de 5,8%, após 8,1% neste ano.
A inflação harmonizada portuguesa foi de 10,2% em novembro em relação ao ano anterior, subindo para uma alta de três décadas de 10,6% registrada em outubro, impulsionada pelos preços mais altos de energia e alimentos.
“O crescimento será contido no primeiro semestre de 2023, em um cenário de incerteza global, erosão do poder de compra, aperto nas condições financeiras e fraca demanda externa”, afirmou o banco em comunicado.
A partir do segundo semestre do ano que vem, o PIB deverá crescer 2% em 2024 e 2025, em meio a um “abrandamento das tensões nos mercados de energia” e uma recuperação gradual da renda real.
O banco central disse que o consumo privado – que responde por dois terços do PIB – quase estagnará no próximo ano, depois de crescer 5,9% em 2022, à medida que as famílias lutam com uma inflação mais alta e aumentos nas taxas de juros.
O Banco Central Europeu elevou na quinta-feira sua taxa básica de juros em 50 pontos-base, para 2%, mais um afastamento de uma década de política ultrafácil.
Portugal espera que as exportações cresçam apenas 4,3% no próximo ano, depois de 17,7% em 2022, dada a forte recessão ou abrandamento que se espera em alguns dos seus principais parceiros comerciais europeus.
Com a ajuda dos fundos europeus de socorro, a formação bruta de capital fixo, que mede o investimento, aumentará 2,9% no próximo ano, mais que o dobro do ritmo deste ano.
A taxa de desemprego deve fechar este ano em 5,9%, a menor marca anual em duas décadas, e permanecer nesse nível pelos próximos três anos.
A inflação sincronizada deve desacelerar para 3,3% em 2024 e 2,1% em 2025. BCEobjetivo de médio prazo da empresa, afirmou.
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