CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa Francisco aprovou a criação de um novo bispo para Xangai enquanto o Vaticano criticava a China por transferi-lo para lá sem consulta, violando acordos bilaterais.
Uma declaração do Vaticano no sábado disse que o papa havia nomeado o arcebispo Joseph Shenbin para chefiar a arquidiocese vaga de Xangai.
O cardeal Pietro Parolin, ministro das Relações Exteriores do Vaticano, disse em uma entrevista divulgada separadamente que não foi consultado quando Xin foi transferido da diocese de Hemen, na província de Jiangsu, para Xangai.
Parolin disse que a medida unilateral vai contra o “espírito de diálogo e cooperação” consagrado no histórico acordo de 2018 sobre a nomeação de bispos.
Os conservadores católicos criticaram o acordo secreto como uma traição à China comunista, mas o Vaticano o defendeu como um meio imperfeito de diálogo com as autoridades em favor dos católicos chineses.
Parolin disse em entrevista à mídia interna do Vaticano que o papa decidiu aprovar Chen “para o bem maior” da diocese de Xangai e porque Chen era um “padre respeitado”.
Parolin lembrou a seus colegas chineses que o acordo, que foi renovado duas vezes desde que foi assinado pela primeira vez, “é sobre o princípio básico da unanimidade sobre as decisões relativas aos bispos”.
A briga em Xangai é a mais recente entre o Vaticano e a China sobre a transferência de um bispo.
Em novembro, o Vaticano acusou as autoridades chinesas de violar a Carta de 2018 ao nomear um bispo para uma diocese não reconhecida pela Santa Sé.
O acordo foi uma tentativa de aliviar uma divisão de longa data na China continental entre um rebanho clandestino leal ao papa e uma igreja oficial apoiada pelo Estado. Pela primeira vez desde a década de 1950, ambos os lados reconheceram o Papa como guia supremo da Igreja Católica.
Chen, 53, é o presidente da Conferência dos Bispos da China, que ele acredita ser controlada pelo Partido Comunista Chinês. Ele foi instalado em Xangai em abril sem a permissão do Vaticano.
A Conferência Episcopal Chinesa não foi formalmente reconhecida pelo Vaticano, e em sua entrevista no sábado, Parolin disse que a Santa Sé queria ver a criação de uma Conferência Episcopal Chinesa com leis semelhantes às de outros países.
Ele disse que essas estátuas deveriam incluir contatos regulares entre os bispos chineses e o papa.
O papa deve viajar para a Mongólia no próximo mês, que fez parte da China até 1921 e tem boas relações com Pequim. Diplomatas dizem que o país, que não tem mais de 1.300 católicos, pode ser um mediador com a China.
(Reportagem de Philip Pullella). Edição por Frank Jack Daniel e Mike Harrison
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